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Karen Valencio Lemes, estilista da marca ValencioLemes. Estudou arquitetura na PUC do Paraná e se formará em Desenho de Moda pela Santa Marcelina em 2008.

Desde de sempre trabalhou na área, exceto por alguns trabalhos rápidos com arquitetura.

Vencedora da 2a edição do Concurso Cardápio da Moda

Homem

Penso que o homem criou para sí regras e tradicões de origens e propósitos claramente compreensíveis, mas muitas vezes pouco usáveis se considerarmos que o objetivo bruto de todas as suas acões é atingir um estágio mais completo de felicidade - palavra simples, mas eficaz.
Assim, penso muito sobre como desfazer esse nó na garganta, que sufoca a individualidade, mas não a partir daquela defnicão estética e rasa de egoísmo, mas sim aquela que considera sua mais genuína expressão, capaz de permitir ao homem se sentir completamente a vontade em sua pele, deixando-a mais porosa para permitir comunicacões mais espontâneas e proveitosas com a realidade exterior.
Para mim, essa casca, casulo protetor tem muito a ver com a ansiedade pela sobrevivência no tempo, protecão excessiva para ganhar mais e mais longevidade. Mas é natural que as coisas tenham fim, às vezes não é preciso fazer perdurar. Então penso muito mais em qualidade no tempo do que quantidade de tempo.


Mulher

Penso sempre em indivíduos e então não vejo definicões exatas sobre o que é homem e mulher e muito menos consigo precisar suas diferencas. Percebo mais o cruzamento dessas relacões, as semelhancas entre, ou melhor, o que os transforma no mesmo, o que os faz um.
Sendo assim, sobre a mulher posso dizer o mesmo que tenho a dizer sobre o homem, acrescendo o fato de que as estratégias de acão e interacäo com a realidade são específicas, pois claro temos uma história em nossas costas para repensar e administrar.

Casa

A casa é uma extensão do corpo físico e psicológico. A roupa é a extensão da casa, é a casa ambulante, em deslocamento. E penso eu a roupa é cada vez mais casa que roupa, uma cápsula protetora que carrega nossos petences de sobrevivência, que permite acessar parcialmente nossa individualidade, nosso mundo particular e enfrentar a maratona pela sobrevivncia. Enfim, a casa é um espaco precioso, desde de sempre, que permite o retorno à nós mesmos.
O conceito e o espaco "casa" foram completamente comercializados. Formatos, cores, modos e estilo de morar. Tudo bem. Temos nossos padrões, nossas necessidades de repeticão e identificacão, mas prefiro muito mais pensar em esquecer tudo isso e tentar localizar o que é que nos faz particular, sem deixar de interagir com nossa tradicão social e com os movimentos humanos contemporãneos.

Loja
A loja, assim, como a casa, o homem e a mulher, precisa desfazer um nózäo. É tanto previsível!! E quão chatas são suas tentativas melosas de agradar o cliente, forcando uma intimidade impossível. Não sei, precisamos de espacos mais abstratos, que causem aquele bom estranhamento de algo novo.
Precisamos de um respiro profundo e perturbador, acho, mais que um ambiente ou um tipo de comunicacão facil, imediata e eficaz.

Qualidade, simplicidade e intimidade

Penso muito em ter qualidade, mas que quantidade, sempre. A questão é administrar as questões comerciais disso, tanto em termos de tempo e investimento. Acho também que a simplicidade, não necessariamente estética, é visivelmente muito mais que uma tendência, é uma necessidade.
Assim como é a intimidade, também não necessariamente espacial, mas social e cultural.



Comme des Garcons, Junya Watanabe, Viktor&Rolf, pela subversão completa do conceito e da forma, que corajosamente propõe um novo modo de pensar a realidade e o sonho.




Helmut Lang, Martin Margiela Homme, Dior Homme pela simplicidade, inteligência em subverter os elementos clássicos da vestimenta e do vestir.





     
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